domingo, 28 de novembro de 2010

Família

Devo começar por dizer que este é um grupo delicado. Temos a tendência de querer levar tudo connosco quando partimos, mas quando toca à família podemos escolher duas vias: levá-la toda ou não levar nem um dos seus membros. Falo-lhes por experiêcia própria: o melhor é levá-los não connosco fisicamente, mas no coração. Eu sei que parece lamechas, mas acreditem que é verdade. Vejamos, por exemplo, quando fui pela primeira vez ao Caminho de Santiago. Eu não queria falar com a minha mãe pois tinha discutido com ela recentemente antes de partir. Durante dias não lhe falei (parti no Sábado de madrugada mas não a via desde Sexta pois tinha ido dormir a casa de uma amiga) mas, por fim - na altura em que mais me apetecia desistir pelas dores quer físicas quer emocionais - falei com ela Terça feira como não falava antes. Claro que tinha falado momentaneamente com ela no dia anterior, mas nada de importância e com grande vontade. A verdade é que foi ela aquela de quem eu senti mais falta. Eu sei que ela provavelmente me iria dar na cabeça diariamente se fosse comigo, mas isso fazia parte dela e eu gosto imenso de tudo o que ela é. Isto tudo resultou em que, quando cheguei ao Porto, corre-se para lhe dar um abraço. Dei-lhe uma carta que tinha escrito e um medalhão que sei que ela guardou (apesar de não saber bem onde). Fiquei extremamente feliz quando, enquanto ela lia a carta, ve lágrimas a formarem-se num canto do olho. Ela ficara comovida com o que lhe tinha escrito (e acreditem que não foi nada de mais). Teoricamente devia ter-lhe oferecido um Tau (o que se oferece a alguém importante para nós) mas sabia que ela não o ia usar. Por isso dei-lhe algo do coração.

Mas voltando ao assunto, a família é importante e é imperativo não a esquecermos. Eles podem ter-nos feito muito mal, mas, no fundo, amam-nos e nós amamo-los também. Nós somos parte deles e eles parte de nós. Talvez por isso diga que não vale a pena levar a família na mochila. Basta levar connosco o amor que eles têm por nós e a certeza que, quando voltarmos, eles vão estar ali para nos receber de braços abertos e um sorriso nos lábios.

sábado, 3 de julho de 2010

Amigos


O que fazer quando queremos partir e os amigos nos prendem?
Aí está os amigos não deveriam prender-nos! Deveriam INCENTIVAR-NOS a partir em busca de novas realidades, especialmente se isso conduzirá à nossa felicidade. Eles darão conselhos e mostrar-se-ão totalmente disponíveis caso precisemos de ajuda.
Não levem a mal o que vos vou dizer, mas digo-vos por experiência própria: um amigo NÃO É AQUELE QUE NOS DEIXA FAZER TUDO O QUE QUEREMOS. Um verdadeiro amigo é aquele que nos protege como se fossemos um/a irmão/ã, é aquele que nos diz as verdades mas faz sempre tudo para garantir que somos felizes. São aqueles que te querem ajudar nessa longa caminhada, acompanhando-te e ajudando-te a carregar o peso que recai sobre os teus ombros ou a dor que sentes por todo o corpo...
Por isso, quais levar? (tecnicamente não levamos nenhum porque carregar mais pessoas às costas é um suplício, especialmente numa viagem constante) Por isso o meu conselho é afastarem-se e perceberem quais os amigos que realmente se preocupam convosco e que estariam dispostos a sacrificar-se só para vocês serem mais felizes. Não carregem às costas as pessoas que de vocês querem apenas leve amizade, levem apenas os que são verdadeiros amigos que ficarão para sempre...
Eu sei que já encontrei os meus... ;)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

o porquê deste blog

Já desde que fiz o Caminho de Santiago que ando a pensar nisto e o filme "Up in the Air" retomou esta minha reflexão. O que levaríamos na nossa mochila? Se pudessemos levar uma mochila com bens que temos lá em casa, quais seriam imprescindíveis? E os amigos? E a família? Primeiro de tudo, seríamos capazes de prosseguir o nosso caminho com uma mochila tão pesada?